Avaliação de contexto existencial da violência escolar
contexto existencial da violência escolar
pré-adolescentes de classes de progressão
Indinalva Nepomuceno Fajardo, Íris Lima e Silva,
Fátima Cunha Ferreira Pinto e Heron Beresford
um problema de tal magnitude. Sendo assim,
Nesta compreensão estabeleceu-se uma corre
este trabalho teve por objetivo apresentar uma
lação lógica entre as causas e conseqüências do
reflexão acerca do assunto, apresentando uma
referido problema, utilizando-se como suporte te
avaliação de contexto existencial de violência que
órico o pensamento de José Ortega Y Gasset
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Indinalva Nepomuceno Fajardo, Íris Lima e Silva,
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que manifesta a necessidade de se conhecer o
delay in cognitive development and that,
Ser a partir de sua circunstância existencial, evi
denciando-se que os entes em questão vivem
progression classrooms. This evaluation was
em um contexto sociohistórico de circunstâncias
adversas, as quais podem ser levadas em consi
deração como sendo, de certa forma, as causas
da violência na escola e em outros ambientes
registered in the related classroom of the
Municipal School Dr. August Mário T. of
Palavras-chave: Avaliação. Escola. Clas
Freitas, located in the North Zone of Rio De
se de progressão. Fenomenologia existen
Janeiro, in which the violent behavior of
pupils is a current manifestation. In this understanding was established a logical
correlation between the causes and consequences of this problem, using as
Ortega Y Gasset who manifests the necessity of knowing the Being from its
existential circumstance, proving that the
beings in question live in a context social and historical of adverse circumstances, that
can be the causes of the violence in the
Keywords: Evaluation. School. Classroom of Progression.
adolescents and adolescents, in situation of social risk, have been constituted as a
phenomenon of moral nature that spreaded in the last years in Brazil. This fact affects
different instances of the Brazilian society,
amongst these, many schools, consisting in a great challenge and concern for the
responsible ones for these institutions. For this reason it became object of public politics
that, in some way, try to present strategical
alternatives for the solution of this big problem. So, the objective of this work is
presenting a reflection about the subject,
showing an evaluation of existential context of violence that could contribute with some
estimated for the planning of educational
niños, preadolescentes y adolescentes, en
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Pressupostos de uma avaliação de contexto existencial da violência escolar para o planejamento de condutas motoras educacionais voltadas para pré-adolescentes de classes de progressão
viven en un contexto socio-histórico de
siendo, de cierta forma, las causas de la
Brasil. Tal hecho ha alcanzado a diversos
violencia en la escuela y otros ambientes
específicamente, por los responsables para estas instituciones. Por esta razón
viene siendo objeto de la política pública
ordem psicossocial que atinge todas as ins
presentar alternativas estratégicas para la
tituições sociais, sendo por isto, tema cons
solución de un problema de tal magnitud.
tante de notícias nos grandes meios de co
Siendo así, este trabajo tenía para que el
objetivo presente una reflexión referente al tema exactamente, presentando una
Também a violência pode ser considera
evaluación del contexto existencial de la
violencia el cual podría contribuir con
caracteriza pelo comportamento de ações
alguno estimado para la planificación de
tendentes a atacar, a opor-se a situações, a
los comportamientos educativos del motor
ser contra os fatos. Assim sendo, denota um
enfrentamento das dificuldades, o que é uma
retraso en el desarrollo del cognitivo y el
característica humana positiva. Por outro
lado, a violência pode também ser entendi
Clase s de Progresión. Tal evaluación fue
(LIMA, 1970), sendo este o ponto de vista
edad, registrados en la clase de progresión de la escuela Municipal Dr.
Mário Augusto T. de Freitas, situada en Río
problema da violência. Ela pode se origi
de Janeiro, en el cual el comportamiento
nar de uma frustração ou de um recalque
violento de alumnos es una manifestación
(LIMA, 1970), do instinto, de uma contrari
correlación lógica entre las causas y las
Pode ainda surgir do aprendizado de con
José Ortega Y Gasset del cual manifieste la necesidad si conocer el Ser a partir de
Assim, fruto de diferentes motivos, a vi
olência está presente nos vários segmentos
evidenciándose que los entes en cuestión
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Indinalva Nepomuceno Fajardo, Íris Lima e Silva,
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instituição social, não escapa ao fenôme
Esses jovens não têm uma estrutura fa
ança, do pré-adolescente e do adolescente
educação geral e, em especial, na forma
na escola é relevante por se tratar de as
ção de bons hábitos e condutas éticas e
sunto que preocupa toda a sociedade, não
só os educadores. Trata-se de uma proble
circunstâncias que envolvem a vida desses
mática que sempre existiu, mas que vem se
alunos os obrigam a fazer “turismo” na
agravando juntamente com a crise sócio
escola. Muitas vezes precisam ficar em casa,
político-econômica em que vive o País.
tomar conta de irmãos menores; trabalhar nas ruas, em sinais de trânsito etc. Há,
portanto, todo um contexto sociohistórico
indiferentemente da faixa etária, é na pré
adolescência e na adolescência que ela pode
extrapolar os limites toleráveis. Nesta idade os jovens não estão preparados para derro
tas e comparações; têm dificuldade em orga
Homem, à sua história, ao seu mundo es
nizar o uso do tempo; mostram pouca con
tão, em sua essência, vinculadas à ques
centração na escola, porque vivem no mun
tão da violência do seu cotidiano. Portan
do de imaginações e sonhos; são barulhen
to, compreender essa conduta e mesmo ten-
tos e inquietos; brincam na classe, desafiam
tar minimizá-la, proporcionando uma vida
e testam os professores. A rebeldia, caracte
rística típica destes jovens que passam por
uma transformação do corpo, que sofrem,
circunstância existência. Assim, se estabe
cada vez mais precocemente, a influência de
leceu como objetivo deste artigo desenvol
fatores psicossociais na produção dos hor
ver uma avaliação do contexto existencial
mônios, pode por questões de aprendizado
da Classe de Progressão da Escola Muni
de condutas ou dificuldades socioeconômi
cipal Dr. Mário Augusto T. de Freitas, na
cas se transformar em agressividade e vio
qual pré-adolescentes de 9 a 12 anos de
idade manifestam condutas e comportamentos sociais violentos provocando situa
ções de difícil relacionamento entre os alu
outras dificuldades relacionadas à escola,
o comportamento agressivo tende a se tornar mais evidente.
A relevância do estudo vincula-se à com
preensão do impacto na vida e no contexto
existencial desses entes e do que, possivelmente,
matriculados em Classes de Progressão. São
possa se constituir em causas para a conduta
indivíduos que apresentam atraso escolar,
violenta no meio social, muito embora se te
isto é, têm idade para estarem em séries
nha consciência da complexidade que é esta
belecer pontualmente causas e conseqüênci
encontram e por este motivo mostram difi
as de um fenômeno social de tal magnitude.
Isto porque, dependendo do contexto socio
histórico de circunstância em que tais nexos
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Pressupostos de uma avaliação de contexto existencial da violência escolar para o planejamento de condutas motoras educacionais voltadas para pré-adolescentes de classes de progressão
ou coerência lógica foram estabelecidos, o que
ção das realidades vivenciadas pelo sujeito
é causa pode ser conseqüência ou vice-versa.
cognoscente. Tal método também pode ser considerado como descritivo, pois, através
dele não se interpreta um fenômeno por meio de explicações baseadas nas leis da física e
Para a consecução desta avaliação de
da matemática, mas sim, por uma descri
ção compreensiva do mesmo, corresponden
são fenomenológica, utilizando-se o pen
do àquilo que surge intencional e intuitiva
samento fenomenológico existencial-tran
mente à consciência humana (REALE, 1991).
subjetivo de José Ortega Y Gasset (1947), abordando as “circunstâncias” de vida dos
Desse método foram utilizadas as etapas
entes em questão, o dilema que os aflige e
da “descrição do objeto”, ou da descrição
a necessidade autêntica que se lhes mos
objetiva e a etapa da redução das essências
ou “redução eidética”. A descrição do objeto de estudo, isto é, o contexto da Classe de
Progressão da Escola Dr. Mário Augusto T.
tiva é uma teoria do conhecimento que se
de Freitas, RJ, se deu a partir dos relatos dos
mostra eficaz para se perceber muitos fe
alunos que falaram de suas vivências extra
nômenos de natureza sociohistórica como,
classe, e dos professores, estes enfocando o
por exemplo, os ocorridos no âmbito esco
mundo escolar relacionado à turma. Já a re
lar, e tem como essência procurar primeiro
dução das essências exigiu uma reflexão crí
conhecer a vida ou o mundo existencial de
tico-histórico e dialética por parte dos auto-
um Ser para só a partir daí voltar-se ao
res deste trabalho, buscando clarear a es
sência, ou aquilo que constitui fundamental-
FORD, 2000). Este foi o que se buscou fa
mente o contexto daquela unidade escolar.
zer em relação ao ente do Ser do Homem correspondente aos pré-adolescentes de 9 a 12 anos de idade, alunos da classe de
progressão da Escola Municipal Dr. Mário
Augusto de Freitas, envolvidos por alguma
forma de violência, em função de supostos
agressividade; um ato agressivo, uma críti
ca privada ou uma manifestação pública,
tos sociais, sob o ponto de vista moral.
pode não ser violento. Mas o que é violência, então? Não existe uma definição úni
para fins desta avaliação está, no campo
sociedade têm seus valores e dão limites e
da investigação filosófica, associada ao
soluções diferentes para seus problemas.
Método Fenomenológico de Husserl que se
Assim sendo, a noção de violência tam
traduz como um método de investigação e
bém varia de cultura para cultura; o que é
de conhecimento. Um método eidético por
violento para uma sociedade pode ser ab
que busca atingir as essências das coisas
solutamente normal para outra. Porém, as
ou dos objetos cognoscíveis de estudo, como
sociedades modernas definem violência de
eles são concebidos pela “consciência in
maneira semelhante: todas as formas pelas
tencional” desvelando, assim, a significa
quais os Homens perdem seus direitos e têm
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sua integridade moral e física ameaçada,
equilíbrio. A violência, ou a vivência de uma
seja por outros Homens, seja pela socieda
situação violenta revela a nossa vulnerabi
lidade, nos confrontando com a fragilidade humana (LOCONTE, 1999).
de adolescentes e de adultos sempre exis
tiu. Não se trata de fato novo. Nunca houve tantas leis e garantias como nos dias de
hoje e, nem por isto o mundo está menos
mobilização e propagação contra a vio
da violência que atinge a sociedade con
lência pelos diversos meios de comunica
temporânea, principalmente em áreas ur
ção de massa numa demonstração de in
banas como as favelas. Nestas vive-se em
tolerância a todas as formas de violências
sobressalto e muitas vezes sob o toque de
recolher, sem que o cidadão tenha o direito de ir e vir para o trabalho ou para a
A violência é um fenômeno que não está
escola e mesmo brincar no quintal de casa.
Esta repressão acaba por servir como refle
dernas. Não se tolera mais, por exemplo,
xo negativo para o aluno, que põe em fun
cionamento um processo identificatório, na
duelo do qual um dos envolvidos saia mor-
adoção da violência como estilo de vida.
Práticas violentas já banalizadas por uma
que pessoas sejam guilhotinadas em praça
sociedade marcada pela marginalização,
pública, como acontecia há alguns sécu
como um certo modo violento de se relaci
onar com o outro ou com o patrimônio público, adentram também na escola, mui
tas vezes dominada pelo clima de insegu
história das sociedades ocidentais moder
nas, constata-se uma mobilização cada vez mais intensa em prol da pacificação social.
Conseqüentemente, aumenta-se um proces
o pensamento de que esse processo identi
so de sensibilização em relação à violência
ficatório age sobre o aprendizado de con
geral, haja vista que aumentaram, e muito,
os atos e estados definidos como violentos,
psicológicos ou discriminação que passa
há: rejeição dos pais ou parentes; ex
ram a ser igualmente condenados, e não só
cessiva tolerância da agressividade; falta
as agressões que causam danos físicos.
de supervisão dos pais ou responsáveis; desvios sociais dos pais e parentes; dis
Além disso, há a questão atual de in
tensa e preocupante violência urbana em
que vivemos que se caracteriza pela ruptu
ção); uso de punições físicas doloro
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Pressupostos de uma avaliação de contexto existencial da violência escolar para o planejamento de condutas motoras educacionais voltadas para pré-adolescentes de classes de progressão
mesmos. Não se deve mais formar profes
trói a condição essencial para a vida em
sores para ensinar apenas, pois, como fi
sociedade, muitos menores são obrigados
a ajudar os pais no sustento da família,
do, uma vez que, o país passou nas últi
rente de apenas dar aula. [.] Tudo depen
mas décadas por uma crise econômica que
derá da sensibilidade do profissional, de
agravou a pobreza e dificultou ainda mais
as condições de vida nas cidades. Estas
que não sejam os conteúdos. Se ele for
crianças e jovens que trabalham nas ruas
extremamente competente só na discipli
acabam ficando em uma situação de peri
na, será incapaz de responder às ques
go, envolvendo-se com a violência, na qual
tões provocadas pela onda de violência.
eles são agressores e vítimas ao mesmo tempo e levam para a escola todas essas expe
riências negativas, transformando aquela
em palco para suas condutas anti-sociais.
valores morais e éticos e também uma grande capacidade de comunicação, de em
A violência na escola inclui também si
patia, de respeito à identidade do outro para
tuações mais sutis, como atos de discrimi
poder auxiliar um aluno a construir o ca
nação, preconceito, exclusão ou violência
minho. Vê-se a grande necessidade de in
simbólica, muitas vezes cometida pela pró
vestimento do (no) professor no que tange
pria instituição educativa. A escola não é
à capacitação continuada, pois, ninguém
só o lugar onde explode a violência, ela
participa, também, de sua gênese exercen
educar a si próprio; do mesmo modo, nin
do sobre os indivíduos algum tipo de pres
guém atingirá o amadurecimento pessoal
são. Barreto (apud Zaluar, 1992, p. 8),
sem a conscientização prévia, principalmen
destaca que na violência presente no siste
te se tiver de ocupar-se com problemas de
o aluno é duplamente sacrificado, pois em primeiro lugar a sua exclusão é o
resultado da violência feita contra a edu
portamento agressivo Jung (1999, p. 125
cação, o que lhe impossibilita interiori
zar racionalmente valores morais, polí
Ao ter-se que lidar com uma criança di
fícil [.] o principal nesta tarefa é a sim
go precisa [.] dar atenção especial ao
seu próprio psíquico, a fim de estar apto a perceber onde está o erro, quando
jovens conteúdos de sentido essencialmen
te intelectual, mas distante da realidade dos
lhável é que o educador tenha mais cla-
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Indinalva Nepomuceno Fajardo, Íris Lima e Silva,
Fátima Cunha Ferreira Pinto e Heron Beresford
reza possível a respeito de seus pontos
para poder compreender porque em países
como “Calcutá, 300 mil indigentes vivem
nas ruas, dormem sob as marquises [.]. Entre dez e 20 mil morrem anualmente de
inanição, sob a indiferença geral, sem que
observador e pesquisador. Pesquisador de si
a violência domine as ruas”, como ocorre
mesmo, dos alunos e de teorias que o aju
dem a ajudar alguém a desejar e querer aprender. Aprender não só conteúdos inte
lectuais, mas, e principalmente, aprender para
não é mais apenas escolar, nem sua solu
ção um desafio para educadores somente.
convívio humano junto a outros indivíduos.
A escola não dá conta de tudo. A violência e o crime são apenas um dos problemas
Não se deve perder de vista que o indiví
pelos quais as pessoas, inclusive os crimi
duo é único e que sua experiência na escola
não deve ser considerada como isolada de
governo e a sociedade. O crime tornou-se
sua personalidade, de sua ação de um “Ser”
um fato político (ZALUAR, 1992, p. 10).
social inserido num contexto cultural específico. Torna-se importante, portanto, a atenção
à historicidade do indivíduo como também
inserção de alunos envolvidos por adversas
circunstâncias existenciais, formando um grupo homogêneo na revolta, na zanga, no
comportamento agressivo e de difícil trato, onde
durante o recreio ajuda na leitura deste con
o aprender não faz parte de seus interesses.
texto cultural. Uma das brincadeiras comuns
O que querem e necessitam é chamar a aten
hoje no ambiente escolar é a “pedala, Ro
ção para si como que sinalizando algo de
binho”. Nesta um dos alunos bate na nuca
urgente que não pode esperar nem calar. No
de um colega dizendo este refrão; o colega
ambiente da sala de aula o recado que mais
então é alvejado por várias tapas na nuca e
parece visível é o sentimento de que ninguém
em outras partes do corpo, com a participa
se importa com eles e por isto, de uma forma
ção de todo o grupo de alunos que esteja
ou de outra, tudo fazem para serem alvos de
presente e por quem mais entrar na brinca
deira que se transforma, assim, numa pancadaria generalizada. Outras “brincadeiras”
deia uma série de transtornos ao ambiente
execução de gestos obscenos ou de gestos
que simulam aniquilar o outro imitando um
por trás de um gesto agressivo, o que ele
fuzil AR15, são origem de atos violentos en
simboliza, precisamos escutar o inconsci
ente. Escutar o que está ali, armando relações, mas escondido, oprimido, negado, e
que por isso sai no chute, na explosão in
comunidades da periferia do Rio de Janei
tempestiva, no tapa, no soco, no palavrão
ro. É preciso que dela se tenha consciência
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Pressupostos de uma avaliação de contexto existencial da violência escolar para o planejamento de condutas motoras educacionais voltadas para pré-adolescentes de classes de progressão
que alunos com escolaridade defasada, isto
radical reflexão sobre as práticas educacio
é, com idade para estar numa série mais
nais e o clima de sociabilidade, visando à
construção de um ambiente de respeito à
contram, possam reintegrar-se ao percurso
pessoa humana; significa criar práticas que
escolar. Estas classes são definidas no pro
abram espaços para a criação, o diálogo,
jeto que lhes deu origem como um espaço
a participação; que valorizem a escuta à cri
ança e ao jovem; que se integrem à comu
habitualmente excluída do sistema educa
nidade e à sociedade mais ampla; que pro
cional. Não se trata de criar outra modali
movam o respeito aos Direitos Humanos. Isto,
dade dentro do ensino regular, mas de pro
para superar práticas e ações discriminató
piciar condições para assegurar a conti
rias e excludentes; significa, também, esta
nuidade dos estudos desses alunos; a in
belecer linhas gerais de um projeto político
tenção é mais de mobilizá-los e instrumen
pedagógico que se enquadre à realidade de
talizá-los para a busca do conhecimento.
cada escola. Quando este projeto não aten
A Classe de Progressão se destina à fre
de às carências e realidades da unidade
qüência de alunos que, em 2000, cursa
escolar a que se propôs, qualquer progra
ma geral, por mais bem elaborado que possa
(Ano III), o Programa de Aceleração da
parecer, tende ao fracasso por se tornar des
nuidade ao processo de construção de conhecimento, habilidades e valores pre
Nem polícia, nem instalação de câme
vistos. Nas Classes de Progressão esta
ras de vídeos e nem detectores de metais
rão, também, os alunos que não têm ou
serão eficazes como medidas de segurança
nas escolas. O problema da violência nas
escolas não é exclusivamente uma questão de segurança. Estratégias como estas dei
xam de fazer uma leitura mais apropriada
Diário Oficial do Município do Rio de Ja
da questão e de olhar o problema em sua
neiro, de 19/11/03, esses alunos poderão
complexidade e, fatalmente, estarão fada
das ao fracasso. “A maior arma contra a
serem reenturmados na 3ª série (11 anos
violência nas escolas é pedagógica e não
ou mais), de acordo com a avaliação que
deverá ser realizada no 1° COC (1° Conselho de Classe).
A implementação das Classes de Progres
zes e Bases (BRASIL, 1996), a educação
são surgiu como uma das ferramentas suge
básica, que se compõe de educação in
ridas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educa
fantil, ensino fundamental e ensino médio:
ção Nacional (BRASIL, 1996), para romper
[.] poderá organizar-se em séries anu
com a repetência, abrindo a possibilidade de
ais, períodos semestrais, ciclos, alternân
haver avanço para etapas seguintes, reinte
cia regular de períodos de estudos, gru-
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Indinalva Nepomuceno Fajardo, Íris Lima e Silva,
Fátima Cunha Ferreira Pinto e Heron Beresford
(Conselho de Classe), o que agrava a ques
na competência e em outros critérios, ou
tão da disciplina e mesmo da aprendizagem
por forma diversa de organização, sem
pela baixa auto-estima que se apodera des
tes entes pré-adolescentes e adolescentes.
que no 2º bimestre apresentam condições
de trabalho que não a da Classe de Pro
ção anterior, mediante a avaliação feita
pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candi
dato e permita sua inscrição na série ou
com alunos de vários níveis de conheci
mento e desenvolvimento; alunos de dife
tação do respectivo sistema de ensino.
rentes faixas etárias (9 a 18 anos) e diferentes interesses.
Período Intermediário do Ciclo de Forma
ção que completam nove anos até 28 de
um ente de 9 a 12 anos de idade, matricu
fevereiro do próximo ano, deveriam ser en
turmados numa série mais avançada (3ª
Municipal Dr. Mário Augusto T. de Freitas
série), porém, por não terem alcançado o objetivo proposto à série, são matriculados
em Classes de Progressão. Assim determi
T. de Freitas, se localiza no bairro do En
na a Portaria n° 21 E/DGED de 18 de no
vembro de 2003, Art. 7° da Secretaria Mu
ro, onde há constantes conflitos entre mor
nicipal de Educação – SME –, que, no en-
ros rivais pela disputa do tráfico de drogas.
tanto, não estabelece a idade máxima para
Estas são as circunstâncias ou mundo no
se manter o aluno em tais classes, o que
qual os pré-adolescentes de 9 a 12 anos
de idade matriculados nesta unidade esco
lar se vêem inseridos. Não houve escolha;
nele terão que viver, assim lhes foi imposto; são as circunstâncias e estas são as possi
expõem o que sabem, se recusam realizar as atividades propostas no início do ano letivo,
dificultando uma avaliação inicial que per
no corpo. Vida que “es tener que ser, que
mitiria integrá-los em uma série mais ade
ramos o no, en vista de unas circunstanci
quada. E só se descobre que está alfabetiza
adaptação à turma e à professora. E, neste caso, a Portaria nº 21 não permite reentur
No dia seguinte aos conflitos, a freqüên
má-los por exceder ao período do 1º COC
cia dos alunos às aulas é baixíssima, pelo
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Pressupostos de uma avaliação de contexto existencial da violência escolar para o planejamento de condutas motoras educacionais voltadas para pré-adolescentes de classes de progressão
ses alunos comparecem à escola, mostram,
diretoras indo para a escola encontrou um
aluno no ponto de ônibus próximo à sua
rante as aulas. São dados que nos fazem
do Rio de Janeiro. Surpresa, perguntou o
que fazia ali, já que devia estar na escola
manejo dessas turmas. Ele está sempre re
levado os quatro irmãos menores na esco
acordo com a (pré) disposição e com o
la em Del Castilho. Para chegar a essa es-
humor deles, e muitas vezes, gerenciando
cola ( da LBV) ele pegou um ônibus, des
ceu do mesmo e andou muito a pé. Retornou a pé, até o ponto do ônibus, onde
Em relatório feito pela professora da tur
encontrou a diretora e chegaram juntos à
se de Progressão é heterogênea; o relacio
deveria. Esta criança chupa dedo com 11
namento do grupo é hostil; as agressões
anos de idade e dá muitas alterações na
são constantes; tem dificuldades em ouvir
sala de aula, é inquieta e rebelde. A escola
e seguir regras; o relacionamento com os
é um dos poucos lugares em que vive como
professores é difícil; os alunos têm dificul
criança que é. Brinca, se alimenta, pas
dade em terminar as tarefas e não há inte
seia, estuda, se diverte e não tem que cui
Nesta avaliação, o perfil que se faz do
aluno da Classe de Progressão da Escola
dos pais e a falta de incentivo para a per
Municipal Dr. Mário Augusto T. de Freitas,
manência do aluno na escola: dois meni
nos foram para a Secretaria por indiscipli
mundo da rua “como espaço do indeter
na. A professora relatou que os dois esta
minado, da ausência de regras e, portan
to, da violência” (ZALUAR, 1992); livre, sem
aula. Luís (nome fictício), de 9 anos, con
limites; alunos que têm a chave de casa;
tou que só estava contando uma piada para
faltosos às aulas, pela incumbência de cui
o aluno Pedro (nome fictício) e que só esta
va falando alto. Mostrou-se o Diário de
em feiras, sinal de trânsito, supermercado
Classe aos dois, no sentido de lhes chamar
etc., para contribuir com o orçamento fa
a atenção pela grande quantidade de fal
miliar; alunos, como dizem os professores,
tas, no que um deles argumentou: “— Mi
“que se criam”; entes que vivem em cir
nha mãe cisma de ir pra igreja e de repente
cunstâncias dramáticas associadas ao caos,
desiste. Aí eu falo pra ela: — Mãe, já que
à falta de regras, à imprevisibilidade dos
você não vai pra igreja, por que eu não
bombardeios entre grupos rivais em comu
posso ir pra escola?”. Resposta da mãe:
nidade dominada pelo tráfico de drogas.
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Indinalva Nepomuceno Fajardo, Íris Lima e Silva,
Fátima Cunha Ferreira Pinto e Heron Beresford
esta turma são pré-adolescentes que não
própria existência. Esta forma parte de nosso
ser favorece ou dificulta o projeto que so
mos e, no caso em questão, as circunstân
escolaridade; são alunos oriundos das ruas,
cias adversas só dificultam tal projeto. Sal
do abandono, da faixa etária acima da série
var as circunstâncias requer decisão pelo
caminho necessário a ser escolhido, mas
número elevado de alunos — 30 como rege
eles são só pré-adolescentes. Entes inca
a Portaria nº 14 E/DGED/2001 –, o que
dificulta e impede um atendimento indivi
autêntica, ou seja, aquilo que deve ser fei
que esses jovens se tornem repetentes e desistentes, fracassados e por isto excluí
deixa claro que eles precisam desenvolver suas capacidades de aprendizagem, seja
em termos intelectuais, mas e, principal-
algo “[.] que no está ahí sin más, como
tamento social sob o ponto de vista moral
baseados em princípios da ética individu
Y GASSET, 1947, v. 7, p. 467). Esses jo
al e social ou pública. Em decorrência,
mostram a “necessidade autêntica” de ir
pois, “Eu sou eu e minha circunstância.
à escola. Esta pode ser a única saída. Mas
para isto, é preciso que o universo escolar
mo”.1 E por isto vivem em dilema: como
esteja integrado ao mundo extra-escolar,
salvar as suas circunstâncias? Optam de
a vida, no sentido de que os próprios jo
direitos de cidadãos. Que projetos de ace
de insatisfação. É uma maneira de se pro
tegerem, de chamar a atenção, de pedir
exemplos de fracasso que temos visto até
palavrões, destruição de objetos à volta,
dependências da escola, conduta que mostra uma total falta de parâmetros para
inserido no mundo, uma unidade composta do corpo e seu meio particular, num
processo vital que consiste na adaptação
set (1947, v. 7, p. 322): “Eu sou eu e mi
nha circunstância”, entende-se que o Ho
mem não é coisa, é um corpo-alma-cir
cunstância, ingredientes inseparáveis de sua
1 ORTEGA Y GASSET, 1947, v. 7, p. 322
Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.14, n.50, p. 91-106, jan./mar. 2006
Pressupostos de uma avaliação de contexto existencial da violência escolar para o planejamento de condutas motoras educacionais voltadas para pré-adolescentes de classes de progressão
cola não é só o lugar onde explode aquele
fenômeno; ela participa de sua gênese, exer
realizar-se como projeto diante de suas cir
cendo sobre seus alunos algum tipo de pres
cunstâncias ou para fazer com que outros
são. Isto porque lhes é cobrado o desenvol
vimento da aprendizagem, tanto no aspec
idade, matriculados na Classe de Progres
to intelectual como de comportamento so
cial, sem considerar o contexto sociocultu
gusto T. de Freitas, RJ, gritam por socorro;
condutas impróprias inerentes à violência
têm esta consciência, mas o seu agir de
na escola podem estar associadas a expe
riências de vida dos alunos que, no seu
dia-a-dia, passam por um aprendizado totalmente incoerente com princípios éticos;
passam por situação de privação, sofrendo
entes querem viver e viver é realizar-se no
também descriminação e exclusão, isto,
mundo em meio às circunstâncias; é encon
muitas vezes, estendendo-se ao âmbito da
trar-se no mundo envolto às coisas e com
elas envolver-se em experiência pessoal, livre, circunstancial. “La vida es intransferible.
Para superar práticas ou ações discrimi
natórias e excludentes é necessária a cons
decidir mi propio hacer y ello incluye mi pro
trução de projetos político-pedagógicos que
pio padecer […]. La vida es siempre perso
contemplem as reais necessidades desses jo
nal, intransferible y responsable” (ORTEGA
vens, promovendo seu desenvolvimento como
Y GASSET, 1947, v. 7, p. 114). Porém, na
Seres humanos. Torna-se, assim, essencial se
circunstância referida, a responsabilidade tam
criar-se espaço para o diálogo, para a parti
cipação de alunos, de pais, da comunidade e da sociedade em geral na escola.
idade, ou seja, o pré-adolescente matricu
É urgente, pois, a promoção radical da
lado na Classe de Progressão, em sua cir
reflexão acerca das práticas educacionais,
cunstância de vida mostrou como necessi
para que estas possam contemplar as ques
dade autêntica a freqüência, pontualidade
tões referentes ao mundo dos entes envol
e permanência na escola que o considere
vidos no processo ensino-aprendizagem, ou
em todos os aspectos que o envolve, possi
seja, as circunstâncias de vida dos alunos
que a escola atenderá, pois, o Homem é
um Ser social e, desta forma, projeto que se fez em determinado contexto. Ouvir o
indivíduo, ter atenção à sua historicidade
Entendeu-se que esta avaliação de con
texto permitiu o conhecimento das circuns
senvolve e adequar o conhecimento adqui
tâncias próprias de violência no âmbito da
rido à realidade dos mesmos são fatores
Classe de Progressão da Escola Dr. Mário
imprescindíveis para minimizar tantos con
Augusto T. de Freitas/RJ e, ainda, que a es-
flitos, violências e desinteresse pelas ativi-
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Indinalva Nepomuceno Fajardo, Íris Lima e Silva,
Fátima Cunha Ferreira Pinto e Heron Beresford
participa não tem vez nem voz; tem poucas
ber, desta forma, o valor e a importância
chances de desejar e decidir aprender, seja
das circunstâncias como definição da re-
sob o ponto de vista intelectual ou de con
duta. É preciso ouvi-lo e inserir no contexto
das aulas a bagagem de experiência e co
rar dilema para os envolvidos, o que re
nhecimento que o aluno traz para a esco
la. É característica da pré-adolescência
olhos no infinito, conversando ou “zoando” como os próprios alunos falam.
consciência cujo nível de desenvolvimento
lhe permita discernir e optar por um cami
periências anteriores, como projetos de ace
nho que seja necessariamente autêntico, o
leração de aprendizagem que não foram
que neste caso e neste momento histórico
dos de maneira a se concretizarem como um bem positivo para esses jovens.
ente consciente de tal “tragédia” social,
procurar perceber, primeiramente, a circuns
investimento do (no) professor no que tan
tância correspondente à vida ou ao mun
ge à capacitação continuada. Ninguém
do de nossos jovens para somente a partir
conseguirá educar o outro sem antes edu
daí planejar, executar e avaliar qualquer
car a si próprio. Mas, antes de tudo, é
preciso ter consciência de que não se deve mais formar professores para ensi
nar apenas. A violência não é necessari
tos advindos de uma avaliação do contex
amente obra da agressividade. É preciso
to existencial acerca da violência que en
preparar professores para entenderem isto
volve a vida de pré-adolescentes da Classe
de Progressão da Escola Dr. Mário Augus
to T. de Freitas, RJ, espera-se ter contribuí
do com alguns subsídios para o planeja
sensibilidade ver e perceber questões pro
voltadas para suprir tal problema social.
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Pressupostos de uma avaliação de contexto existencial da violência escolar para o planejamento de condutas motoras educacionais voltadas para pré-adolescentes de classes de progressão
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Recebido em: 03/02/2006 Aceito para publicação em: 28/03/2006
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Session 1 (AYA) INTRODUCTORY LECTURE: TEENAGERS AND YOUNG ADULTS WITH SARCOMA – BLACK SHEEP OR JUST PART OF THE CROWD?COMPARING ADULT AND PEDIATRIC RHABDOMYOSARCOMA IN THE SURVEILLANCE, EPIDEMIOLOGY AND END RESULTS PROGRAM, 1973-2005: AN ANALYSIS OF 2600 CASESTNM STAGING IN EWING SARCOMAS: A MODEL FROM THE (EI)CESS/EE99 STUDIESAN UPFRONT SCORE FOR PRIMARY DISSEMINATED MULTIFOCAL EWING TUMO
Le reazioni indesiderate da farmaci Tutti noi impieghiamo farmaci per curare le patologie acute o croniche che ci affliggono o per alleviare sintomi sgradevoli che si presentano in diverse occasioni. Tuttavia è importante ricordare che i farmaci, oltre agli effetti benefici documentati ed attesi che posseggono, causano effetti generalmente definiti come secondari e causati dalla int